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O bagunceiro político – Série Liderança

Soluções digitais para instituições e marketing político.

O bagunceiro político – Série Liderança

O ano começa e as matérias são as mesmas. E quando se fala de mercado de trabalho, um tema em especial se repete: Liderança.

Contrariando um bocado de consultorias de rh, psicólogos, especialistas e analistas de liderança, não acredito que liderança se aprende. Como o carisma, há pessoas que têm ou não. Essa série de 3 capítulos terá como base as minhas memórias. Mas, claro, é sempre bom lembrar que estou falando de líderes de verdade, não de pessoas em posição de liderança. São coisas completamente diferentes. Apesar de muita gente achar que é a mesma coisa.

 

Uma jovem mente política

Em 2004, eu estava com 18 anos, no primeiro ano de faculdade e sem muitas certezas na vida. No meio do ano, juntando intimação materna com a missão de fazer uma grana para sustentar minha vida acadêmica, comecei a trabalhar na escola da minha tia. No início, fazia a manutenção e consertava os computadores. Mas logo a demanda por mão-de-obra ‘um pouquinho mais qualificada’ me puxou para algo, até então, inesperado: dar aulas.

A escola abrangia do maternal até a primeira parte do fundamental, que vai até o atual 5º ano. Para essa parte, o MEC só exigia professoras com formação técnica, mais especificamente o curso chamado “Normal”. Para língua estrangeira, até então, não havia essa obrigatoriedade. Precisavam de alguém para lecionar inglês para as crianças. E lá fui eu ministrar aulas para turmas da alfa até o 5º ano.

Meu período como “fessor” durou de 2004 a 2006. Mas em 2008, por uma urgência, minha tia fez um pedido para dar aulas para duas turmas. Em uma delas se passou o exemplo que vou contar.

Em todas as turmas, em maior ou menor grau, sempre existem os mesmos papéis de alunos. E como não podia deixar de ser, sempre há um bagunceiro. Sim, aquele que toca o terror na sala. O cidadão que quando falta aula eleva a sala ao nirvana. Nessa turma específica que vou contar, o nome da criatura era Pablo*.

Com apenas 10 anos, Pablo fazia o que queria. Até onde lembro, tinha uma família com problemas bem particulares. A avó o criava. Contrariando bastante o dito popular do “criado pela avó”, as meninas não escapavam daqueles primeiros lampejos de puberdade. Deixava prova em branco, não fazia exercícios, mas diversas vezes respondia corretamente o que era perguntado sobre o conteúdo.

É sempre muito difícil acreditar nos rebeldes. Pablo contava muitas histórias. Muitas falsas. Mas com uma convicção ímpar. Os meninos o seguiam para onde fosse. Na sala, até mesmo as meninas que sofriam seus “assédios” verbais, se inclinavam vez ou outra para o que ele ordenava. Ele não era forte, nem bonito, nem tinha comando na voz. Como muitos bagunceiros, ele possuía algo diferente: Pablo era líder.

O que se faz com um pequeno líder sem boas notas?

Na escola, nada.

Naquele ano aconteciam as eleições municipais. Um dia, já próximo ao período de votação, fiz perguntas sobre quem ganharia e o que os alunos achavam. Queria testar para ver até onde ia o nível de informação deles. Curiosamente (ou não), a surpresa: os alunos das melhores notas e comportamentos se calaram. Não faziam a mínima ideia do que estava acontecendo. Davam aquelas respostas vagas de quem ouviu, em algum momento, os pais falando sobre o candidato A ou B. Pablo fez o oposto. Não falou apenas dos prefeitos. Adiantou também questões sobre os vereadores, e até arriscou quem iria ganhar. Em suma, um material humano cheio de questões que estavam longe do verbo “to be” e das disciplinas escolares.

Hoje há um bom número de alunos chegando aos seus MBAs, mestrados, doutorados, estudando fora do país, mas que nunca organizaram uma pelada entre amigos. E a reclamação de que não há líderes no mercado procede. Há uma distância abissal entre formar técnicos e líderes. Liderança nasce com a pessoa. E quando isso acontece, alguns desenvolvem e outros a deixam incubada. Se ela não amadureceu com o corpo, com a mente, acontece a mesma coisa que rola com aquelas crianças que desenhavam bem aos 8 anos, mas que só voltam a pegar no lápis aos 20. Não vai sair nada. Ou melhor: sairão os mesmos rabiscos daquela época infantil.

Há pouco tempo, encontrei Pablo e alguns amigos trabalhando de “flanelinha” (guardadores de carro) numa rua próxima à minha casa. Ele tinha a mesma postura. É bem provável que os estudos tradicionais não o tenham absorvido. Se está seguindo um bom ou mau caminho, eu não sei. Mas uma certeza eu tenho: o mal absorve muito melhor essas lideranças que o lindo bem.

*Pablo é um nome fictício.

Sobre a minha vida na escola

O ambiente escolar nunca foi uma caixa preta pra mim. “Vivi” na escola desde que nasci. Por ser um negócio familiar, conheci os meandros da sala de aula, o trato com os professores, alunos, pais e mães de alunos, custos, gastos, entre outros detalhes avulsos do ensino privado brasileiro, desde moleque e bem de perto Me arrisco a dizer, até mesmo, que acompanhei a situação que a escola privada chegou hoje. Não sou educador, mas um dia dou meu palpite de mercador.

Aproveite para ver os vídeos também.

O ano começa e as matérias são as mesmas. E quando se fala de mercado de trabalho, um tema em especial se repete: Liderança.

Contrariando um bocado de consultorias de rh, psicólogos, especialistas e analistas de liderança, não acredito que liderança se aprende. Como o carisma, há pessoas que têm ou não. Essa série de 3 capítulos terá como base as minhas memórias. Mas, claro, é sempre bom lembrar que estou falando de líderes de verdade, não de pessoas em posição de liderança. São coisas completamente diferentes. Apesar de muita gente achar que é a mesma coisa.

 

Uma jovem mente política

Em 2004, eu estava com 18 anos, no primeiro ano de faculdade e sem muitas certezas na vida. No meio do ano, juntando intimação materna com a missão de fazer uma grana para sustentar minha vida acadêmica, comecei a trabalhar na escola da minha tia. No início, fazia a manutenção e consertava os computadores. Mas logo a demanda por mão-de-obra ‘um pouquinho mais qualificada’ me puxou para algo, até então, inesperado: dar aulas.

A escola abrangia do maternal até a primeira parte do fundamental, que vai até o atual 5º ano. Para essa parte, o MEC só exigia professoras com formação técnica, mais especificamente o curso chamado “Normal”. Para língua estrangeira, até então, não havia essa obrigatoriedade. Precisavam de alguém para lecionar inglês para as crianças. E lá fui eu ministrar aulas para turmas da alfa até o 5º ano.

Meu período como “fessor” durou de 2004 a 2006. Mas em 2008, por uma urgência, minha tia fez um pedido para dar aulas para duas turmas. Em uma delas se passou o exemplo que vou contar.

Em todas as turmas, em maior ou menor grau, sempre existem os mesmos papéis de alunos. E como não podia deixar de ser, sempre há um bagunceiro. Sim, aquele que toca o terror na sala. O cidadão que quando falta aula eleva a sala ao nirvana. Nessa turma específica que vou contar, o nome da criatura era Pablo*.

Com apenas 10 anos, Pablo fazia o que queria. Até onde lembro, tinha uma família com problemas bem particulares. A avó o criava. Contrariando bastante o dito popular do “criado pela avó”, as meninas não escapavam daqueles primeiros lampejos de puberdade. Deixava prova em branco, não fazia exercícios, mas diversas vezes respondia corretamente o que era perguntado sobre o conteúdo.

É sempre muito difícil acreditar nos rebeldes. Pablo contava muitas histórias. Muitas falsas. Mas com uma convicção ímpar. Os meninos o seguiam para onde fosse. Na sala, até mesmo as meninas que sofriam seus “assédios” verbais, se inclinavam vez ou outra para o que ele ordenava. Ele não era forte, nem bonito, nem tinha comando na voz. Como muitos bagunceiros, ele possuía algo diferente: Pablo era líder.

O que se faz com um pequeno líder sem boas notas?

Na escola, nada.

Naquele ano aconteciam as eleições municipais. Um dia, já próximo ao período de votação, fiz perguntas sobre quem ganharia e o que os alunos achavam. Queria testar para ver até onde ia o nível de informação deles. Curiosamente (ou não), a surpresa: os alunos das melhores notas e comportamentos se calaram. Não faziam a mínima ideia do que estava acontecendo. Davam aquelas respostas vagas de quem ouviu, em algum momento, os pais falando sobre o candidato A ou B. Pablo fez o oposto. Não falou apenas dos prefeitos. Adiantou também questões sobre os vereadores, e até arriscou quem iria ganhar. Em suma, um material humano cheio de questões que estavam longe do verbo “to be” e das disciplinas escolares.

Hoje há um bom número de alunos chegando aos seus MBAs, mestrados, doutorados, estudando fora do país, mas que nunca organizaram uma pelada entre amigos. E a reclamação de que não há líderes no mercado procede. Há uma distância abissal entre formar técnicos e líderes. Liderança nasce com a pessoa. E quando isso acontece, alguns desenvolvem e outros a deixam incubada. Se ela não amadureceu com o corpo, com a mente, acontece a mesma coisa que rola com aquelas crianças que desenhavam bem aos 8 anos, mas que só voltam a pegar no lápis aos 20. Não vai sair nada. Ou melhor: sairão os mesmos rabiscos daquela época infantil.

Há pouco tempo, encontrei Pablo e alguns amigos trabalhando de “flanelinha” (guardadores de carro) numa rua próxima à minha casa. Ele tinha a mesma postura. É bem provável que os estudos tradicionais não o tenham absorvido. Se está seguindo um bom ou mau caminho, eu não sei. Mas uma certeza eu tenho: o mal absorve muito melhor essas lideranças que o lindo bem.

*Pablo é um nome fictício.

Sobre a minha vida na escola

O ambiente escolar nunca foi uma caixa preta pra mim. “Vivi” na escola desde que nasci. Por ser um negócio familiar, conheci os meandros da sala de aula, o trato com os professores, alunos, pais e mães de alunos, custos, gastos, entre outros detalhes avulsos do ensino privado brasileiro, desde moleque e bem de perto Me arrisco a dizer, até mesmo, que acompanhei a situação que a escola privada chegou hoje. Não sou educador, mas um dia dou meu palpite de mercador.